sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Primavera em São Paulo - 2

Flowers for a hard day
Jasmim Manga - Kikabr - Flickr

K. me advertiu: como não tem flores neste mês da primavera? Vi hoje mesmo um jasmim-manga e um ligustro floridos logo aqui perto. Advertido, no outro dia fiz o mesmo trajeto e procurei observar com mais atenção se há nele essas espécies de plantas. Confesso que foi falha minha e a seguir tento arrumar a informação colocada no texto anterior Primavera em São Paulo.

No pedaço que faço à pé, até o ponto de ônibus, encontrei cinco pés de jasmim-manga. Alguns da cor branca e outros salmão. São realmente árvores bonitas e que produzem flores muito perfumadas. Ocorre que há poucas plantadas na rua, das cinco que vi no pequeno trajeto que faço, quatro estão em jardins ou quintais particulares e apenas uma em calçada.

Na parte que percorro de ônibus, indo em direção ao centro da cidade via Francisco Matarazzo, vejo alguns exemplares, o primeiro deles no jardim de um conjunto de prédios instalados no terreno onde era a antiga fábrica dos Matarazzo. Em seguida pode-se ver um jasmim salmão na praça em frente ao Shopping WP. Mais adiante, duas árvores - uma com flores salmão e outra branca, lado a lado - estão numa escola um pouco depois do Parque da Água Branca.

O que se nota, então, é que é uma árvore plantada mais em jardins que nas calçadas e, portanto, não fazem parte do repertório de plantas da arborização pública de São Paulo. Não vê-las foi uma falha minha, não há nenhuma dúvida que elas estão enfeitando a primavera da cidade neste novembro. Elas são dignas de serem observadas e reverenciadas, pois são verdadeiras esculturas urbanas, pelo formado do tronco, beleza das flores e perfume.

O jasmim-manga é uma árvore de tronco curto e galhos baixos e espalhados. Para que ela fique bem numa calçada é preciso conduzi-la de maneira que seus galhos não dificultem a passagem de pedestres e o estacionamento de carros no meio fio.Poderia haver mais, muito mais delas por ai, em especial em jardins públicos.

Quanto ao ligustro, realmente não havia observado. Confesso que tenho problemas com esta espécie. Tenho até receio de ser processado pela Lei Burle Marx, equivalente para as plantas da Lei Afonso Arinos. Mas quando vejo uma rua toda ou um jardim onde a maioria das árvores é desta espécie, acho que fica triste, escura. Ela dá uma flor branca, meio esverdeada, que não contrasta muito com as folhas e isso é o que talvez tenha feito com que eu não percebesse que estavam em floração nesta época.

Os ligustro, como muitas outras árvores da cidade, são muito podados, pois crescem muito e entram pelos fios da rede elétrica. Quando são feitas essas podas radicais eles passam a soltar brotos por todo o tronco, perdendo sua forma original e virando um misto de arbusto e árvore. Os brotos ladrões acabam crescendo sem qualquer controle, pois as empresas de energia não têm qualquer preocupação com as árvores, só com os fios. Se voltassem e recompusessem a forma delas, podando e escolhendo os galhos que devem crescer... mas não, podam e largam as plantas ao deus dará e assim elas ficam, ali, deformadas, abandonadas, como se estivessem descabeladas e maltrapilhas.

2 comentários:

K. disse...

Neander;
beleza a correção. Mas só aqui da janela to vendo uns 10 ligustros, com flores amareladas, e 4 jasmim-manga, sendo um deles fúcsia (um rosa fortão), outros brancos inteiros e brancos com amarelo. Tb não aprecio muito o ligustro, mas os passarinhos amam comer aquilo tudo - então agora eu gosto. Além dessas deu pra ver que o pau-formiga tá começando a pensar em florir (tem um aqui na chácara apontando o galho com flores rosa).
Depois tem umas palmeiras (não sei o tipo) que estão lançando os cachos o outras que já estão virando frutos alaranjados. Vejo na ladeira uma árvore, que daqui, parece um ipê-rosa (se for é tardio?), se não for deve ser pata-de-vaca. E assim vai.
Mas já notei que as ruas daqui do pedaço seguem uma certa homogeneidade: umas só com quaresmeiras - sendo que a mais linda cor está aqui pertinho e nunca vi em outro lugar; outras com espatódea; aqui atrás tem as ruas dos ipês, é ipê de todo tipo, fica lindo quando as flores caem, um tapete colorido e festa pros periquito-rico que vivem nas redondezas. A ladeirona é a rua dos ligustros, definitivamente. Tem outras só com chapéu-de-sol (amendoeiras), que perderam todas as folhas na seca, mas na primeira chuvinha ficaram verdinhas, um espetáculo.
O problema é que muitas das árvores têm flores minúsculas, tipo as do pau-ferro, e temos muito disso - outra beleza, por sinal. Mas são difíceis de ver. Sem contar as frutíferas, goiabeira e mangueira, que tb têm flores miúdas.
E sem contar que nosso clima não ajuda muito e enlouquece qualquer cristão, quanto mais as árvores. Então o que floresce bem agora no nordeste, só vai se dar bem aqui lá pra janeiro-março, por exemplo. Imagine o esforço que é lançar flores por aí e ter de dançar conforme a música, ao mesmo tempo. Pena que já foi o tempo da sibipiruna, mas se prestar atenção há algumas temporãs escondidas em algumas copas.
Fora que tem montas de árvores por aí que não sabemos os nomes. Bem que eu gostaria de saber todos. Há de se ficar com olhos arregalados pra ver. Sempre.

(original em 21 de Novembro de 2008 13:14)

K. disse...

E agora acabei de achar um belíssimo flamboyant avermelhado.
(original em 21 de Novembro de 2008 15:02)