quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O lugar e seu nome



A história do sítio Areia Preta começa em 1991, quando compramos o terreno.
Não havia nada lá, a não ser uma boa paisagem, um lugar escondido, um pasto e algo que poderíamos chamar de mato, ou seja, áreas utilizadas e reutilizadas para lavouras (milho, mandioca, amendoim) e abandonadas. Havia muitas indicações que a terra era tratada com fogo. Isso era costumeiramente feito no inverno, quando tudo fica mais seco, sobrando apenas o que o gado não come. Assim, colocavam fogo em especial para matar o "rabo-de-burro", deixando que a braquiária rebrotasse das cinzas, vigorosa e imperial.

Até hoje não sabemos direito como K escolheu com tanta ênfase aquele lugar. No dia da definição da compra chovia muito, atolamos o carro, mal pudemos ver o terreno, pois tínhamos que andar de guarda-chuva. Essa é uma história à parte que precisa ser rememorada e, portanto, merece um item próprio.

Como todos os casos de loteamentos rurais, aquele pedaço de terreno pertencia a uma fazenda que chegava ao seu ápice em termos de desgaste da terra e que passava a ser recortada em pequenos lotes, dentro das normas mínimas estabelecidas pelo INCRA - ali era que não poderiam ter menos que 3 ha. Seu destino era transformar-se em áreas de lazer para paulistas que queriam buscar um pouco de paz no interior.

Aquelas terras ficam nas beiradas da Serra de Botucatu, são constituídas de muita areia e formações rochosas que são chamadas de testemunhos de eras geológicas (a Torre de Pedra, da foto acima, é um exemplar destes). Segundo consta, aquele lugar era um pequeno mar, daí a quantidade de areia que há.

Em busca do nome do lugar

Ao fecharmos o negócio, uma das primeiras coisas que passamos a pensar foi em dar um nome àquele lugar. Para isso, era preciso que o nome dissesse alguma coisa sobre aquela terra. Não queríamos algo que nomeasse um mero desejo de urbanóides, como: Cantinho do Paraíso; Vista Alegre; Recanto do Descanso… Queríamos algo que falasse daquele lugar. Mas ali não tinha nada que pudesse ajudar na escolha do nome: 3 palmeiras, riacho doce; brejo seco... O que fazer para nomear o sitiozinho?

Buscando informações sobre o lugar, uma delas nos chamou a atenção. Diziam que havia ali dois tipos de terreno, um, a parte mais alta do loteamento, constituída de uma areia branca, fofa, profunda, parecendo areia de praia. A essa eles chamavam por ali de areia podre. E a outra, nas partes mais baixas do vale, onde estava nosso terreno, nomeada pelo povo de lá de areia preta. E ai vimos a deixa para nomear nossa pequena chácara: Areia Preta.

Era o que tinha ali, uma camada de areia preta de cerca de 20 a 30 cm e abaixo disso a famosa e dura piçarra, uma espécie de argila muito dura que dificulta a formação de raízes de muitas árvores. Além disso, essa combinação de areia por cima e argila por baixo cria uma situação crítica na época das chuvas, pois o terreno, independente do declive, fica extremamente encharcado, impedindo uma boa oxigenação das plantas (se chove muito elas começam a amarelar e perder as folhas, flores e/ou frutos).

2 comentários:

K. disse...

Tenho de achar - novamente - o papel em que anotei o local e fone da empresa que vendia os terrenos. Achei o anúncio num jornal, copiei. Mas tenho o tal anúncio tb. Dizia ‘pertinho, pertinho’. E quando fomos pra hora do vamos ver, era estrada que não acabava mais, debaixo duma chuva diluviana - que durava meses, literalmente.
Gostei do terreno por causa de uma vaca que estava debaixo da árvore, que afinal acabou que não era nossa - tanto a vaca quanto a árvore. Mas era a única podendo ser considerada uma ‘verdadeira árvore’ no pedaço.
Acho que o vendedor não entendeu nada, que povo louco eram aqueles dois… Não esqueça de dizer que atolamos desde que entramos no carro do cara, até que chegamos lá. Contadas foram 9 vezes na ida. E atravessamos o brejo, que hoje é estrada, num foi?
Tb não esqueça de contar que eu te disse: ‘temos de voltar aqui na seca porque nunca vi água brotando de topo de morro’. Demorou pra secar, mas voltamos mais vezes antes da compra final. Não esqueça da quantidade descomunal de sapinhos, em toda parte - e que depois sumiram.
E tb fomos os primeiros a percorrer a estrada lá de cima, o trator abrindo na frente e nós atrás. Catamos muita fruta que não lembro o que era - limão-cravo, goiaba? E vimos o sítio de topo, pela primeira vez. Lembra? Eu sim. E estava um calor dos diabos.
Foi bacana pra dedéu.

Márcia Morales disse...

É uma pena que se trata de areia preta. Areia é porosa e a água filtra indo até a argila, se transformando em barro. Chuva "mansa" é a pior, aquela que mais atolamos, porque devagar o solo vai ficando inchado e não tem por onde sair.
Chuva forte acaba lavando e levando a pior parte do solo, tornando-o por causa da porosidade da areia, o "secamento" mais rápido.
Precisamos pensar em transformar areia em húmus.
Quem mandou não perguntarem nada pra mim? KKKKK
Bjs
Márcia Morales

(em 11 de Março de 2009 18:19)